Arquitetura & Turismo te leva para um mergulho nesse projeto habitacional que parece ter surgido do fundo do mar.
Dificuldade da Visita │ Fácil
Arquiteto │ Antoni Gaudí
Ano de construção│ 1906
Tipologia │ Edifício Habitacional
Endereço │ Passeig de Gràcia, 43, 08007 Barcelona, Espanha
Latitude/Longitude │ 41.391557, 2.164786
Como chegar
Metrô │ Linhas L2, L3 e L4, Estação Passeig de Gràcia;
Trens │ RENFE (estação Passeig de Gràcia), ou FGC (estação Provença);
Ônibus │ H10, V15, 7, 22 e 24; ou demais ônibus de turismo.
Horários de Funcionamento
Das 9:00 às 20:15, sendo a última entrada de visitação às 19:15.
Duração da visita
Aproximadamente 1 hora, e o horário de entrada é estipulado na compra do bilhete.
Preço
Entre 45€ e 35€ euros, o valor pode variar de acordo com o horário de visitação, dispor de cartões de descontos, presença ou não de audioguia, entre outros extras.
Estudante tem 6€ euros de desconto.
Os bilhetes podem ser adquiridos com antecedência pelo site oficial (com desconto), ou no próprio local, onde não costuma haver muita fila.
Análise do Projeto
Caso prefira, o conteúdo abaixo também pode ser visualizado de maneira mais detalhada pelo vídeo no Youtube, Casa Batlló, conheça a Arquitetura desse Projeto de Gaudí em Barcelona!
A estética de Gaudí
Para entender melhor a arquitetura de Gaudí e as ideias que ele queria transmitir por meio de seus pensamentos, vale a pena conferir o seguinte Post sobre A estética de Gaudí.
Fachada
Por muitas vezes, a cor da fachada da Casa Batlló foi comparada ao mar, isto acontece não apenas pela cor índigo, azulada e esverdeada nela presente, mas também pelo efeito de luminosidade produzido, é como se fosse a água atravessada pelos raios do sol, transparente, brilhante no fundo do mar.
Este efeito é conseguido através dos trencadís (mosaicos de Gaudí) feitos de vidro colorido e discos cerâmicos, que combinados com à forma ondulante da parede produzem a sensação de uma cortina gigante em movimento.
No primeiro pavimento, estão os cômodos principais da casa da família Batlló. As esbeltas colunas de arenito de Montjuïc que parecem tíbias, deram à casa o apelido popular de Casa dos Ossos, enquanto a forma retorcida dos espaços vazios, que fazem lembrar bocas abertas, a transformou na Casa dos Bocejos.
Aqui a pedra de Montjuïc parece ter sido derretida, formando rugas e cavidades, como se fosse lava vulcânica, uma introdução do que seria logo depois o tema de outra edifício projetado por Gaudí no Passeig de Gràcia, a Casa Mila também conhecido como La Pedrera.
As varandas presentes nos andares superiores, representam uma concha aberta, enquanto os trilhos de ferro fundido, pintados de marfim e dourado, parecem máscaras.
O beiral da fachada é finalizado por uma pequena torre cilíndrica que culmina em uma cruz de quatro braços, juntamente com um telhado revestido com grandes peças cerâmicas de diferentes tons de azul, que produzem um efeito de escamas.
A imaginação popular por vezes traçou muitas análises comparativas dessa parte do edifício, com o dorso de algum animal pré-histórico ou do dragão morto por São Jorge, representado pela torre e pela cruz.
Lobby
O saguão principal conduz o visitante para duas escadas: uma privada, atrás do portão de ferro, que leva diretamente ao primeiro andar onde morava a família Batlló, e uma segunda escada, que é pública e dá acesso aos demais apartamentos.
As paredes são rebocadas em tons distintos de um cinza perolado suave e não possuem bordas, encontrando-se com os tetos em curvas suaves contínuas. Os rodapés das paredes alternam-se entre azulejos claros de cerâmica lisas nas cores azul-céu e cinzento, com outros em relevo que parecem desgastados pela água.
Ao entra no edifico, o portão que dá acesso a escada privativa e a portaria do prédio estão à esquerda, enquanto a escada dos demais moradores está à direita, o corrimão desta é feito de carvalho e forma uma ondulação que lembra o movimento de um chicote ou de uma cachoeira congelada no tempo.
A viga que sustenta a parede é feita de ferro rebitado na cor dourada e acobreada, como se fosse um coral ou alguma planta aquática com brilho metálico.
Escada de Residentes
A escada pública destinada aos demais moradores proporciona acesso a todos os outros apartamentos do edifício, sendo duas unidades por andar. Alocada no fosso central do prédio, essa escada sobe em torno do elevador, seguindo um sistema de circulação vertical bastante comum nos blocos de apartamentos do Bairro Eixample em Barcelona.
Só que no caso da Casa Battló, as paredes são revestidas com azulejos lisos e em relevo, com tons que aumentam gradualmente de intensidade, partindo do branco, cinzento pérola e azul celeste nos pisos inferiores, chegando ao azul marinho e cobalto nos pavimentos superiores. Esse contraste provoca um efeito dégradé muito interessante ao usuário, é como se fosse uma escalada no fundo do mar.
Essa graduação cromática está inversamente relacionada com a intensidade de luz que incide da claraboia superior, desenhada em uma estrutura de ferro.
No primeiro patamar, encontrasse a porta de serviço do primeiro piso, destinado exclusivamente a família Battló, enquanto nos patamares acima duas portas são alocadas, essas garantem o acesso social das outras unidades habitacionais.
O cromatismo não é o único item que caracteriza a singularidade espacial do pátio. Por meio de uma projeção em terraço de alguns cômodos do primeiro e do segundo andar do edifício, Gaudí conseguiu criar uma seção mais estreita na parte inferior e uma parte mais larga na parte superior do fosso central, é como se essa forma de funil trabalhasse a quantidade de luz que o pátio recebe e distribui.
Ainda sobre a luz captada, as janelas dos pisos inferiores são maiores e diminuem de tamanho nos pisos superiores. Isso cria a sensação no usuário de aceleração de perspectiva quando o pátio é visto de baixo, e evita a sensação de um poço sem fundo quando visto de cima.
As portas planas não foram numeradas da maneira usual, elas seguem as letras do alfabeto. Ao chegar à porta G, inicial de Gaudí ou de Génese, o topo do corrimão, que nos restantes pisos tem forma orgânica, foi substituído por uma espiral.
As portas dos apartamentos são feitas em carvalho, esculpidas com relevos suaves de tíbias e flores que parecem estar lutando para se erguer do fundo de uma massa pastosa.
Sótão
O último piso do edifício é um sótão construído por meio de uma abóbada em parábola feita de tijolo, rebocada e pintada de branco. Servia de depósito, lavanderia e local para pendurar roupas para secar. Uma escada em caracol leva o usuário à laje plana do terraço.
A sensação causada por esta sequência de arcos é a de uma cavidade torácica, encontrando-se dentro de uma caixa torácica gigante, talvez a do dragão de cerâmica que vemos lá fora.
A perspectiva aplicada nos arcos em parábola da abóbada cria um espaço com forma de diafragma, típico da obra de Gaudí e que pode ser visto em seus primeiros trabalhos, por exemplo, nos arcos de madeira do Conjunto Habitacional dos Trabalhadores de Mataró ou nos do interior dos estábulos produzido para Eusebi Güell. Chegariam ao seu momento culminante no telhado da Casa Milà, da qual estes são um ensaio.
A iluminação e ventilação dos corredores que circundam os pátios é produzida por meio de algumas treliças que lembram as lâminas fixas de persianas gigantes, permitindo a passagem de uma luz filtrada que percorre as paredes, tetos e as divisórias arredondadas e sem bordas.
Laje Plana
Na laje plana, como é comum nas obras de Gaudí, desde o Palau Güell até a Casa Milà, as chaminés criam uma paisagem de formas e cores incrivelmente variadas.
O dorso do dragão que coroa a fachada frontal é coberto por grandes escamas cerâmicas em tons de azuis do lado externo e por trencadís no interior, cuja cor muda gradativamente do branco para o amarelo, e do laranja para o verde.
A forma bulbosa e a cruz de quatro braços que coroam a torre são feitas de cerâmica de Manacor e foram trazidas expressamente da ilha espanhola de Maiorca.
As chaminés erguem-se em grupos densos de suas bases compactas, o piso também era originalmente colorido, composto por peças de mosaico espalhadas aleatoriamente.
Uma escada extremamente estreita e curta percorre o topo da fachada, acima da cornija. Esta é também uma das soluções comuns de Gaudí, e podemos vê-la em obras como a Torre Bellesguard ou em La Pedrera, mas em nenhum dos casos o efeito é tão vertiginoso como neste.
Escada Privada
O saguão privado contém a escada que leva diretamente à casa da família Batlló no primeiro andar. A escadaria de carvalho ocupa praticamente todo o espaço e as peças esculpidas no topo dos degraus se sucedem como vértebras seguindo a ondulação típica da espinha dorsal de algum monstro pré-histórico, como se fosse um gigantesco fóssil dentro de uma caverna.
A continuidade das paredes e do teto, juntamente com a ausência de cantos, é ainda mais evidente neste átrio privado do que no átrio principal. A pequenez do espaço parece ter sido inteiramente ocupada pela espinha dorsal fossilizada da escada. Ao chegar ao topo, as claraboias de vidro circulares conseguem evocar ainda mais a sensação de uma gruta submarina, como aquelas construídas nos aquários para as exposições universais da época.
Andar Principal
O primeiro andar era a residência da família Batlló e foi basicamente distribuído em duas partes. De um lado estavam os ambientes que formavam a fachada que dava para o Passeig de Gràcia. Ali se encontravam as partes mais públicas da casa e diversos artistas e artesãos, sob a orientação de Gaudí, trabalharam juntos na decoração.
No salão central, por exemplo, estava a capela, hoje desmontada, do outro lado, no extremo oposto da casa, na fachada que dá de frente para o pátio do bloco, estavam os quartos mais privados e a sala de jantar, para a qual Gaudí também desenhou o mobiliário.
As salas principais abrem-se para a rua através dos vitrais, e ligam-se através de portas onduladas de carvalho, cujos painéis das portas, podem ser totalmente abertos, transformando-o tudo em um único grande espaço.
Nas finas colunas da galeria pode-se ver que, entre as juntas dos ossos, brotam algumas folhas carnudas, o teto do salão central é feito de gesso e forma um redemoinho, além de constituir uma nova referência marinha no conjunto da obra, remetem, como tantas vezes fez Gaudí, à ideia da natureza sendo gerada.
A caixilharia de madeira da galeria são janelas de guilhotina e funcionam por meio de contrapesos escondidos nas extremidades, não existindo batentes ou travessas entre elas, de modo que, quando todas estão abertas, há uma vista desimpedida para a rua.
Em algumas das janelas, portas e claraboias, bem como nos habituais painéis envidraçados, algumas pequenas grelhas de madeira podem ser abertas de forma independente, permitindo a passagem de correntes de ar e obtendo-se assim uma ventilação controlada em todas as áreas da casa.
Entre a escada e o salão principal há um pequeno ambiente com formas arredondadas que abriga uma lareira, um banco foi encaixado num pequeno nicho na parede, e o acabamento da sala é feito em cerâmica resistente ao calor.
Na parte de trás do apartamento fica a sala de jantar privada da família Batlló, este espaço está hoje muito alterado, embora a maioria dos móveis possa ser visto no Museu de Gaudí no Parque Güell.
No centro da sala de jantar, o teto liso assume a forma de um respingo, a gota de onde se originam as ondas imaginárias da criação. Algumas cômodas separam este espaço do pátio interno. No centro da abertura que leva ao pátio externo, duas colunas finas, inspiradas como tantas vezes ocorre na obra de Gaudí, no Pátio do Leão no Palácio de Alhambra na cidade espanhola de Granada, mostram-nos bases mórbidas, amolecidas e desgastadas por um longo período de erosão.
Pátio e Fachada Posterior
A fachada posterior do edifício organiza-se através da sobreposição de terraços contínuos que se abrem dos ambientes dos apartamentos. O guarda-corpo das varandas e parte do piso são constituídos por uma trama de ferro muito transparentes, transmitindo a sensação de extrema leveza.
O beiral superior, no entanto, é um parapeito maciço com alguns vãos arredondados e decorado por discos cerâmicos de trencadís coloridos, cujas peças formam diferentes desenhos radiais e espirais.
A sala de jantar no piso principal leva ao terraço do pátio interno, que era de uso exclusivo da família Batlló, a conexão entre os ambientes é feita por uma pequena passarela.
O pátio é decorado por floreiras revestidas com discos de trencadís e peças de cerâmica de cores variadas, mas com predominância por tons de verde escuro, em referência ao musgo que se forma nos cantos mais sombrios e escondidos dos jardins.
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